sábado, 4 de dezembro de 2010

Greve de controladores faz Espanha declarar estado de alerta

Plantão | Publicada em 04/12/2010 às 11h27m
BBC

Greve já afetou mais de 250 mil passageiros desde a sexta-feira
O governo espanhol declarou neste sábado um estado de alerta no país após uma greve de controladores aéreos ter interrompido os voos e deixado milhares de pessoas sem poder viajar.
A medida vai permitir que grevistas mais radicais sejam processados criminalmente sob o código penal militar.
Esta é a primeira vez que a lei é usada desde sua criação, após a morte do ditador Francisco Franco, em 1975.
Cerca de 50% dos controladores aéreos compareceram ao trabalho neste sábado, mas a maioria se recusa a trabalhar, em uma disputa por melhores salários e carga horária.
Segundo a correspondente da BBC em Madri Sarah Rainsford, milhares de passageiros lotam os aeroportos espanhóis, na esperança de conseguir viajar no início de um feriado prolongado nacional.
O clima entre os passageiros é de frustração e raiva, segundo Rainsford. Mais de 250 mil passageiros já foram afetados por adiamentos ou cancelamento de voos.
A companhia aérea Iberia, a maior do país, anunciou o cancelamento de todos os seus voos pelo menos até o domingo.
Na noite desta sexta-feira, o governo ordenou que as Forças Armadas assumissem o controle do espaço aéreo do país. Porém os militares não podem orientar o tráfego aéreo civil.
'Privilégios inaceitáveis'
Ao anunciar o estado de alerta, o vice-primeiro-ministro, Alfredo Pérez Rubalcaba, disse que os controladores de tráfego aéreo estão tentando proteger 'privilégios inaceitáveis'.
'O efeito imediato (do estado de alerta) é de que os controladores estão agora sob ordem de retornar ao trabalho e podem ser processados criminalmente sob o código penal militar em caso de recusa. O estado de alerta vai durar inicialmente 15 dias', afirmou.
A greve dos controladores começou na tarde de sexta-feira em Madri e se espalhou rapidamente pelos demais aeroportos do país.
Os controladores já estavam envolvidos em uma disputa com o governo por causa da carga horária de trabalho, mas decidiram pela greve em resposta a medidas aprovadas na sexta-feira para privatizar a empresa responsável pela administração dos aeroportos, AENA.
O decreto do governo determinava ainda que os controladores passassem a ser subordinados ao Ministério da Defesa e que eles fossem examinados por médicos do órgão para comprovar faltas por doenças.
A norma também ampliou a jornada de trabalho de 1.200 horas anuais para 1.670.
'Chegamos ao nosso limite mentalmente com o novo decreto aprovado nesta manhã nos obrigando a trabalhar mais horas', disse Jorge Ontiveros, porta-voz do Sindicato de Controladores Aéreos.
'Tomamos a decisão individualmente, mas isso se espalhou entre outros colegas que pararam de trabalhar porque não podem continuar desse jeito. Nesta situação, não podemos controlar aviões', afirmou.
O presidente da AENA, Juan Ignacio Lema, disse que a greve era 'intolerável' e disse que os controladores devem 'parar de chantagear o povo espanhol'.
O ministro dos Transportes, José Blanco, também condenou a greve, dizendo que os envolvidos estão 'usando os cidadãos como reféns'.
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